sábado, 31 de março de 2007

Cumplicidade


Enrredo as mãos no cabelo, seguro a cabeça e me deixo levar pelas imagens e palavras que desembocam em meu computador. Horas sem fim de puríssimo enlevo e descoberta. Paginas prenhes de signos e magia. Me esqueço que a noite varre pra dentro e a lua já se escondeu no prédio da esquina. Sai por ai e me perdi de boteco em boteco, em cada um me embebedei de letras. Agora bebada e enlevada vou ao decúbito dorsal deixar que a letargia me traga os sonhos que me inspirei nesta madrugada.

domingo, 25 de março de 2007

Cumplicidade do Silêncio




Abandonei por um tempo as palavras, para que repousasse em mim o silêncio. Hora de repor as peças em sombra, humidade e sol para que se possa desfrutar deste intenso aconchego. Deixar fluir pela pele o suave suor que ilumina e tratar com as mãos as raizes humedecidas. A água como testemunha espelha minha face enlanguecida. Silencio com o sangue e a respiração e deixo que a eternidade perpetue em mim. Lentamente abram-se as pétalas e nasce a flor em sua formosura.

segunda-feira, 19 de março de 2007

São as águas de março fechando o verão é promessa de vida no meu coração...

Molho as mãos, o rosto e alma. Encantam-me as imagens que vejo nas gotas deslizantes da janela. A rua molhada brilha anunciando novos sonhos. Sem limites, sem medos, apenas deixar correr suavemente as gotas de chuva sobre o meu corpo em suave batismo de vida nova.

sexta-feira, 16 de março de 2007

ENCONTROS


Entrego-me ao doce embalar da minha canção de ninar cantada nos acasos e surpresas que o dia me premiou, onde lavar e estender os panos da vida sob o sol aquece o frio que penetrava as entranhas. Sonolenta, enrolo a alma e deixo o sonho brincar de roda comigo. Tomo o condão nas mãos e desenho com ele no espaço. Nas pontas dos pés danço a música mágica que acalenta, transforma e ilumina.
Não chora mais menina, vê que luz penetra as arvores e brinda as folhas do chão de dourada figura. Percebe que já amanheceu e teus cabelos desalinhados cobrem teu rosto emaranhando a vista. Varre a vida. Toca tua face com as pontas de teus dedos, e fecha tuas feridas. Veste-te em sedas, alisa o corpo e deixa que música da rua desperte teus sentidos.

quarta-feira, 14 de março de 2007

AMIZADE

Entre as folhas escritas no céu, tapadas de gliter de estrelas senti minhas mãos apoiadas em terra firme. Um gosto de sal e açucar foi parar nos meus lábios quando, ao mesmo tempo, o ar entrava forte e profundo saindo num unico gemido. Recostei minha cabeça e descancei ali todas as minhas dores. Suave, doce e constante.

quinta-feira, 8 de março de 2007

PRISMAS

O céu me brinda com suaves e coloridas figuras. O cinza deu lugar ao azul pintado de laranja. Corre por minha janela um vento ondulado e refrescante. Suave e doce momento de um escaldante dia. A chuva lavou as pedras enfileiradas da rua e encheu minha alma com as luzes coloridas que atravessam o prisma.

Amanheço

Espreguiço a alma em suaves contornos de braços
e deixo o sol iluminar minha alma.
Mergulho profundamente no mar da vida
onde doces sentidos me cobrem o corpo.
Enfeito meu dia em lânguidas imagens
que me acompanham e me fazem rir.
Faço do imaginário minha sublime oração.
Meus desejos se espalham nas teias da vida
e espero.
Espero pela magia do inesperado.
Espero na inocência imaculada dos meus sonhos.
Abro as asas desenvolta em certezas
que meu voo é livre
e que meu céu eu pinto de azul.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Posted by Picasa

Sonhar e Voar

Começam a fazer sentido as letras que escorrem pouco a pouco da ponta de meus dedos. Tímidas se reúnem no canto e entre os olhares cruzados de surpresa e mistério observam a tudo assustadas, muito pouco acostumadas a minha nova figura. Estiveram escondidas em cadernos velhos e páginas amareladas, depositadas em armários e gavetas, sem ordem ou mesmo lógica.
Silenciosas cumplices.

Ninguém mais me entendeu tanto ou me teve tanto como elas. Jamais reclamaram nada, nem mesmo o tipo de papel, ou tela em que se amontoavam, nem exigiram de mim liberdade. Entre nós sempre existiu a certeza de uma cumplicidade sem limites, sem mentiras ou mesmo roupagens de que não fosse única e simplesmente minha carne nua.

Neste momento magico as deixo fluir em correnteza e me permito rolar com elas por entre os seixos e curvas que constroem minha vida. Pouco se importam com a ordem ou com a razão. Assutadas sorvem a liberdade que iniciamos a viver. Balançando suavemente, dançam aos sons das águas, provam a nova textura e esticam os braços em suave espreguiçar-se.


Hoje as convido a olhar em espelhos, arrumar a figura e sair.

Acho graça de seus olhares admirados e a vontade louca de correrem e desvendar nossos segredos e sonhos. Fui muito egoísta em as prender comigo por tanto tempo. Porem, é justo este tempo, sagrado e onipotente que nos permite abrir as asas sem medo, deixando que o vento sopre e nos conduza aos nossos mais belos e arrojados voos.