sexta-feira, 18 de maio de 2007

ESQUECIMENTO


Conversamos com olhares e toques.

Teu esquecimento me trás a imensidão do instante.

Perdem-se as passagens, permanecem os sentidos.

Memória que não se traduz em palavras,

mas ato puro do amor vivido.

Esquecestes por amor,

e só o amor em ti fala.

Vives para olhar

a permanência do infinito.


quinta-feira, 17 de maio de 2007

VEJO


Quem me dera por um segundo permitir-me ficar assim,

vendo em branco, já porque em negro não se vê mais,

e valha-me Deus, ainda não cheguei lá.

Quem me dera não saber do cinza que pinta o ar,

desenhando retas e curvas sinuosas,

dita realidade que ousam em me firmar.

Quem me dera permanecer debruçada em parapeitos

olhando distraida a rua molhada em neblina,

fumaça branca da pele umedecida.

Quem me dera permanecer neste pulsar intenso,

arrepio de alma e ardente flamejar.

Crio e recrio. Nasço e morro.

Desenho colorido e me deixo amar.

domingo, 13 de maio de 2007

AMANHECER

Silêncio.
Rua vazia.
Quietude e reverência.
Desperta lentamente o dia.
Abro os braços e estendo a vida.
Dilato a alma e prenho as entranhas.
Palavras, doce compania.
Com elas desenho meu amanhecer.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

CAIR


Vejo a queda e não posso estender a mão.

Pasma meu silêncio ecoa em água.

Despencam as falsidades e a cegueira.

Doi mais a impossibilidade de amar,

imobilidade que a claridade do sol espalha nos espelhos.

Volto ao meu caminho,

sozinha espalho as folhas ao chão

Nelas escrevo meu destino.

A borboleta passeia sobre mim e pousa nas alturas.

Não sei viver sem asas.


domingo, 6 de maio de 2007

ÁGUAS


..."Escrever me dá o grau da medida do silêncio. Clarisse Lispector"

Na imensidão da água que flui constantemente entrego minha pequenez e meu coração. Não há amor maior do que o da natureza, sempre ali, pronta, vestida de festa para o encanto. É necessário fazer silêncio para que o ronco das águas nos falem seus segredos. Viver no fluxo como o rio prenhar cada curva de terra que se faça obstáculo. Tomar em mãos as suaves gotas que se espalham pelo caminho e deixar que o sol em sua cálida ternura acaricie meu rosto e deixe que repouse minha cabeça nesta suave mágica.