domingo, 27 de janeiro de 2008

4 TOQUES


4 toques, mudos, parados no ar
Dormia em sonhar contigo

Este momento paralisante, permeado pela luz que passa entre as vidraças e me acolhe do vento que saracoteia as nuvens brincando de frio em pleno verão, era digno de uma foto, não...Tem a música ..Eu sei que vou te amar...por toda minha vida vou te amar... Meu respirar permeia minha pele e sinto como se escutasse o pipocar das pedras anunciando visita. Recosto o rosto no vidro para se acalorar nos últimos raios de sol. Fecho os olhos e respiro o cheiro de mato. Com o corpo a balançar faço cada nota parte de meu despertar...Neste silêncio...neste sorriso que brinda meus lábios sinto-me erguida em meus mantos...Danço.

Meu coração agradece o entardecer e me permito a melosidade do quadro comum, mas nestas horas a mente lembra apenas coisas bobas, como aquelas coisas de criança, sei lá...É só deixar rolar o pensamento e elas estão lá todas enfileiradinhas. Mas a que eu mais gosto é... Obrigada!

Quero muito saber de ti...

Só sei de quatro toques na madrugada...

domingo, 20 de janeiro de 2008

CALEIDOSCÓPIO


Esta imagem que
Me acolhe, me toma
Jorra minuto a minuto
Por saber de mim.
Cruzo portais.
Fraca,
Insiste a vida a
Correr nas veias.
Lágrimas carregadas de
Infinitos pontos de luz.
Caleidoscópio verde e terra
Paralisa e inunda o olhar.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

SEGREDO


Tenho ainda colada nas mãos a tua pele.
Minha boca saboreia o beijo quente e calado
Colado nos céus onde vislumbrastes estrelas.
Respiro o suave sabor da tua entrega
Corpos unidos no compasso da sinfonia
Composta de amor e desejo.
Doce amor que nos envolve
Longe de todas as torturas.
Sórdidas prisões sem alma
Calabouços úmidos sem luz
Irrompe-se em luz e liberdade.
Arcanos do segredo e do tempo
Anunciam nossa ventura.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

SEM RASURAS

Depois de 90 dias, a alma, que em silêncio viu passar a vida, reverenciou os signos, retorno fiel das visões, e marcou as trilhas da caminhada. Por onde andava bebeu na fonte, cortou o mato e abriu picadas.
Lançou-se em viagem, em abandono deixou tudo para trás. Rompeu véus de perplexidade, arriscou sua sorte e partiu até que a vida lhe parou. Parou a vida, parou de respirar, foi-se a seiva, mas a alma continuava ao meu lado, mostrava guardada em cofres de ouro e prata a mesma seiva . Nada se perdera. Tudo estava intacto.
Viu a volta do amor perdido que em seu regaço afundou suas mágoas e em gestos de dor e descompasso chorou o amargor das escolhas sacrificadas. Mãos estendidas e desamparadas. Abraços, beijos, entregas...Ah! minha alma, descanso minha saudade. A distância em realidade nos uniu alma com alma, nada separa .
Vejo tudo que partiu voltar, intacto, sem rasuras...
O amor permanece, e assim permanecerá..
Compreendo então, minha alma, a lição do encanto, a lição do impenetrável.
Este lugar de céu que construístes em mim.
Abro os braços, deito na relva fresca da manhã, digo bom dia ao sol e me entrego a vida.